Tendo em vista que tudo o que é Feminino no mundo foi demonizado, não é de se espantar que o discurso lilithiano não agrade a todas as pessoas.

A alma pode escolher qualquer tipo de experiência quando projeta um corpo e escolhe uma família para nascer. Neste Serviço, trabalhamos apenas com o aspecto clássico da relação animus-anima, dentro da experiência da escolha da alma (alma feminina dentro de um corpo feminino). É para este tipo específico que trabalhamos, pois a nossa especialidade não abrange a psicologia das pessoas que escolhem passar por uma readequação. Seria extremamente desonesto com elas trazê-las para um universo onde suas necessidades não fossem consideradas, justamente porque desconhecemos este território.

Para estes casos, Lilith sugere que se estruture círculos de trabalho à parte que possam abraçar, com a devida especialidade, os seus dramas, as suas sombras, como também as suas vitórias, que são diferentes da contextualização de abordagem aqui usada. Assim, não temos experiência com almas femininas que nascem em corpos masculinos. Nossa formação espiritual, profissional e terapêutica nos apoia com segurança apenas no trabalho com as experiências e conceitos arquetípicos, energéticos e multidimensionais específicos do escopo clássico da experiência feminina.

Questões que a Nascida Mulher Enfrenta

Quando estudamos as lendas sobre Lilith, constatamos que elas retratam uma fêmea criada por um ser geneticista não humano (“Yaweh S.A.”), uma mulher infundida com a essência do Feminino Primordial, que se relaciona com homens e “demônios”, ou seja, seres fisicamente colapsados na polaridade masculina. Em nenhum aspecto ou momento das lendas hebraicas, ou até mesmo de outras lendas lilithianas como as tântricas, que A retratam como a auspiciosa Lalitha Devi ou a temida Kali (abordadas a partir do 2º Ciclo), se fala de um Feminino que não tenha nascido com uma Yoni¹, isto é, uma Vagina.

Todas elas também partem de uma abordagem representativa do corpo feminino e de como a portadora deste corpo o usa. Em sua maioria, estas abordagens são dualistas, ou seja, falam de opostos complementares como a combinação shiva-shakti, adão-eva, samael-lilith, sol-lua. As lendas falam alegoricamente da interação entre masculino e feminino como expressões equilibradoras do universo, sendo a luz representada pelas estrelas como “o semen”, e a sombra representada como energia escura e a matéria como “a vagina, o útero e corpo” do Universo.

Todas essas lendas e mitos trazem lições valiosíssimas sobre o que acontece quando estas duas energias se desequilibram, quando uma é suprimida em razão da outra ou entram em competição entre si.

A Lenda Hebraica da Criação onde Lilith é pitorescamente retratada como a primeira esposa de Adão, reflete alegoricamente, de forma patriarcal, rigorosa e “própria”, essa trágica descompensação entre os pares, simbolicamente representados pela forma humana na relação animus-anima, que estudaremos profundamente nesta Jornada ao longo dos ciclos.