Puja é gratidão pela vida e na Índia é a forma mais popular de adoração à Consciência Divina, pelo reconhecimento de que tudo o que se recebe é aceito como um presente, sentindo-se abençoado. Agradecer e desejar coisas simples, positivas e saudáveis, motiva atitudes mentais e emocionais favoráveis ao desenvolvimento espiritual, e Puja é exatamente a transmissão deste tipo de energia¹.
Entenda Porque Lilith Não Precisa De Culto
— Escrito em 24 de Dezembro de 2019 e revisado em 21 de Setembro de 2023. —
História & Liberdade
Por mais que se valide a pesquisa com fatos históricos e etimológicos, a insistência em inventar cultos que nunca existiram é grande.
Hoje eu compreendo que as pessoas preferem “cultuar” uma deidade ou endeusar um sacerdote porque elas não sabem o que fazer com a própria liberdade. Liberdade dá medo. Então elas preferem que os outros escolham no lugar delas, assim elas têm a ilusão de que não estão fazendo escolha alguma ou de que alguém mais instruído está escolhendo corretamente por elas, e que de alguma forma “o divino” está “agindo” em suas vidas. É a consciência de massa.
Nunca existiu um culto à Lilith na antiga Suméria. Não há nenhum documento ou registro que prove seu nome entre o panteão sumeriano ou babilônico. A lenda hebraica é uma construção humana, e Lilith é um tipo de consciência que pode ser facilmente acessada pela meditação. Ela dispensa cultos externos. O principal puja precisa ser dentro do coração.
Um culto à Lilith não vai nos conectar com Ela da forma como imaginamos, porque esse jeito de desejar o contato divino está baseado na consciência de massa, onde nossa insuficiência e o estigma de escassez é que orientam as nossas necessidades de preenchimento. Isso não vai substituir nossa necessidade de completude ou nossa sensação de desconexão, nem nos salvar de tudo o que está em decadência no sistema mundial, nem suprir nossa sede de conhecimento ou anestesiar a nossa dor. Tampouco atrairá as bênçãos de Lilith da maneira que imaginamos. O que atrai o olhar d'Ela é justamente outra coisa: independência e autorresponsabilidade.
O Culto à Lilith Desconstruído por Ela Mesma
Lilith não precisa de culto nem de liturgia – somos nós quem “achamos” que Ela precisa disso porque fomos sistematicamente doutrinados à submissão através do culto, por milênios, e esta “deseducação” nos condicionou a pensar que essa fosse a única forma de nos conectar com o Divino. Quem sente a necessidade de práticas e liturgias porque não consegue mais sentir o divino somos nós, que nos desconectamos dele.
Então, quando dizemos que “Lilith não precisa de culto”, nos referimos ao ato externo e mecânico de executar uma ação que deveria nos conectar, e não nos vendar os olhos. Isso não quer dizer que Lilith não atenda às nossas orações, porque isso não é verdade.
Se você transgredir, isto é, se você transpassar os seus limites físicos, rompendo seus pactos de percepção com aquilo que te ensinaram sobre isso, e alcançar uma espiritualidade genuína, isto, é, autêntica, sua, transcendendo os aspectos mecânicos da ritualística que você adota para se conectar, e de fato obter resultados com isso, não há porque desistir se esse é o caminho que lhe conecta. Até porque, se você conhece e sabe porque você faz da forma como faz, significa que percorreu o caminho do conhecimento antes.
Por essa razão existe um viés, uma jornada espiritual para o livre pensador, a livre pensadora, que ousar conhecer a si mesmo, que ousar conhecer a si mesma e se libertar dos pactos de massa, para estas pessoas Lilith oferece um Caminho.
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[¹] Sandra Regina dos Santos Galvão em "Aceito e agradeço, a expressão do significado do Puja".